O Mar Serenou... (Foto de Luiz Paulo Silva)
O legado cultural deixado por Clara Nunes (1942-1983) é infinito. Intérprete de grandes pérolas da música brasileira, a mineira estabeleceu-se como sambista e arrastou multidões mundo a fora a cantar seus sucessos. Desde 01 de julho, o público carioca pode experienciar parte dessa sensação com o espetáculo "O Mar Serenou... Um Conto de Clara", em cartaz de sexta a domingo na Sala Municipal Baden Powell, em Copacabana.
Na comédia musical, oito atores-cantores entoam ao vivo mais de 30 faixas da mineira, a exemplo de "Morena de Angola", "Feira de Mangaio", "Conto de Areia" e "Ê Baiana", acompanhados por quatro músicos. Além do cavaquinho e do violão, instrumentos como tamborim, caxixi, pandeiro, atabaque e cajón enriquecem os arranjos musicais assinados por Márcio Eduardo Melo, propondo uma releitura moderna ao samba tradicional da obra de Clara.
O espetáculo não poderia chegar em melhor hora: em 2016 celebra-se o centenário de criação do samba. Como canta na faixa "Guerreira" – "dentro do samba eu nasci, me criei, me converti" –, Clara viu sua carreira alcançar proporções além da rádio, onde começou, após adotar o gênero em vez do bolero, tornando-se a primeira mulher a vender mais de 100 mil cópias de disco no Brasil, ainda na década de 70, e uma das primeiras a gravar samba-enredo para o Carnaval. Portanto, as histórias do samba e da própria cantora se conflitam, pois caminham lado a lado há mais de quatro décadas.
Idealizador e dramaturgo de "O Mar Serenou... Um Conto de Clara", que também dirige em parceria com Milton Filho, Cazé Neto acredita que esse resgate é importante para manter sempre viva a memória da cantora. "Contar a história dela é também preservar sua contribuição artística, oferecer uma oportunidade para que as novas gerações conheçam seu legado de sincretismo, de poesia, música e Fé. Uma pura síntese da essência brasileira", afirma. Para isso, Cazé ambientou a peça na comunidade do Alto da Sé, em Olinda, nos arredores do Palácio Iemanjá, Centro Umbandista comandado por Pai Dudu de Pernambuco – numa licença poética a Pai Edu, que Clara respeitava e considerava seu líder espiritual.
Diferente de outras montagens sobre a vida de cantores e personalidades, não uma, mas três atrizes interpretam Clara Nunes. São elas Fernanda Sabot ("Casa Grande e Senzala – Manifesto Musical Brasileiro"), Andréia Mota ("Raul Fora da Lei – O Musical") e Renata Tavares ("Andança – Beth Carvalho, o musical"), cujas personagens frequentam o terreiro de Pai Dudu e narram, por acontecimentos em suas próprias vidas, passagens da vida de Clara. Completam o elenco Bruno Rasa, Dilene Prado, João Acioli, Junio Duarte e Zéza.
Com realização da Fazzarte Produções, a temporada de estreia acontece de 01 a 31 de julho, sextas e sábados, às 20h, e domingos às 19h, na Sala Municipal Baden Powell, em Copacabana.
Ficha Técnica
Texto de Cazé Neto
Direção: Cazé Neto e Milton Filho
Direção de Movimentos/Coreografia: Raphael Rodrigues
Supervisão e Direção Musical: Márcio Eduardo Mello
Músicos: Guilherme Lessa, China Show, Deivison Santana Olinda e Luizinho Croset
Cenário: Sérgio Cezar
Figurino: Teresa Abreu
Iluminação: Jorge Raibott
Fotografia: Luiz Paulo Silva
Design Gráfico: Frederico Augusto
Coordenação Geral: Mônica Lucas
Produção: Fazzarte Produções Artísticas
O Mar Serenou... (Foto de Luiz Paulo Silva)
Serviço
"O Mar Serenou... Um Conto de Clara", de Cazé Neto
Elenco: Andréia Mota, Bruno Rasa, Dilene Prado, Fernanda Sabot, João Acioli, Junio Duarte, Renata Tavares e Zéza.
Quando: de 01 a 31 de julho, às 20h (sextas e sábados) e 19h (domingos)
Duração: 80 minutos
Onde: Sala Municipal Baden Powell. (Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 360, Rio de Janeiro)
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), à venda na bilheteria do teatro.
Telefone de contato: (21) 2255-1067 / 98010-3869
Classificação: 14 anos