A LUTA, de Ivan Jaf, baseado na terceira parte do livro Os sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909), com direção brilhante de Rose Abdallah e interpretado pelo ator Amaury Lorenzo, é o segundo monólogo a fazer parte do Festival de Monólogos do teatro Glaucio Gill, em Copacabana, que estreia dia 05 de setembro, às 20 horas, todas às segundas-feiras do mês.
A intenção do autor, Ivan Jaf, foi transformar o ator em um rapsodo que conta, em uma longa prosa épica, as batalhas ocorridas em Canudos, em 1896, entre os homens e mulheres chefiados por Antônio Conselheiro e as forças militares da República, recém-proclamada no Brasil (1889). Da mesma maneira que os rapsodos cantavam a Ilíada e a Odisseia de Homero, mantendo essas longas epopéias vivas pela fala e a memória, antes de poderem ser escritas, pode-se imaginar a Guerra de Canudos, segundo a visão de Euclides da Cunha, sendo narrada por um “contador de História” diante de uma plateia.
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Nessa terceira e última parte de Os sertões, Euclides criou uma simbologia poderosa, abandonando a linguagem acadêmica para traduzir jornalisticamente uma guerra de ideias: a luta entre as forças republicanas, que traziam a modernidade contra o obscurantismo religioso, que alicerçava a monarquia; os brasileiros do litoral contra os do interior; as elites contra o povo; a fé contra a razão... para concluirmos que os dois lados acabaram se unindo pela intolerância e a violência.
Um só ator, usando a fala e o corpo, contará as sucessivas investidas do exército brasileiro contra o arraial e a reação de seus habitantes. Amaury conta a terceira parte que é a guerra dos Canudos, parte final chamada A Luta. Amaury vai vivendo os personagens da história como Antônio Conselheiro, os seus fiéis, os jagunços, os sertanejos, os soldados da República, o Coronel Moreira César, o Coronel Tamarindo. Em cena, o ator canta, se movimenta, traz os sons do sertão com sua própria voz.
O espetáculo descreve o sertão, o sertanejo e a trajetória de Antônio Conselheiro, até se tornar o líder da comunidade de Canudos e adversário do governo republicano. Em seguida narra os primeiros conflitos e o momento em que a guerra é declarada, no final de 1896.
Segue descrevendo as sucessivas batalhas decorrentes das expedições do exército: as lideradas pelo major Febrônio de Brito, pelo coronel Moreira César, pelo general Artur Oscar de Andrade, todas derrotadas, até a última, vencedora, comandada pelo próprio Ministro da Guerra, o marechal Bitencourt.
Termina com a morte de Antônio Conselheiro, os últimos momentos da resistência no arraial e a degola dos prisioneiros.
Ivan Jaf
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1957. É autor de mais de 65 livros de ficção para o público infantojuvenil, premiado pela União Brasileira dos Escritores, Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil e quatro vezes finalista do Jabuti. É roteirista de histórias em quadrinhos, com trabalhos publicados em revistas brasileiras e italianas, e graphic novels de adaptações de clássicos da literatura brasileira. Escreve roteiros para cinema, acumulando prêmios como o Sundance Institute - USA/98; Melhor Curta-Metragem - Festival Cinema Brasil in Tokyo 2007 e Melhor Curta-Metragem Brasileiro - 7º Festival de Cinema Brasileiro de Paris e Melhor Animação Brasileira/ Rj e Sp/ Anima Mundi 2003. Como dramaturgo, tem diversas peças encenadas, com direção de Nelson Xavier, Amir Haddad, Rose Abdallah entre outros, e texto premiado e publicado pela Funarte/2005.
Rose Abdallah
Rose Abdallah, atriz e diretora, integrante da Cia Os Fodidos Privilegiados desde 1995, participou de todos os espetáculos da Cia, sendo agraciada como melhor atriz no Festival de Curitiba pelo júri popular em dois anos consecutivos com os espetáculos As Fúrias e O Carioca; começou a dirigir em 1997, passeando pelos clássicos como Antígone, América; O Mercador de Veneza; Processos; Amável Donzela, livre adaptação de O Navio Negreiro, e os contemporâneos, Natal, Um Dia A Casa Cai; Casada, Solteira, Viúva, Divorciada; Follow-me, Baby e Adelaide Sem Censura. Participou de diversos produtos na TV Globo e Rede Record. Protagonizou os longas Strovengah Amor Torto; Paixão e Virtude, como também participou em vários outros filmes. Rose Abdallah foi considerada melhor atriz de sua geração pelo crítico de teatro Lionel Fisher.
Amaury Lorenzo
Ator, diretor, dramaturgo e coreógrafo com 30 anos de carreira. Estudou Artes Cênicas na UNIRIO e Dança Contemporânea no CCCRJ. Atuou em novelas da Rede Globo e Record, como Além da Ilusão, Nos Tempos do Imperador, A Dona do Pedaço, Gênesis, Amor Sem Igual e outras. No Teatro esteve em A Paixão de Cristo, Cervantes, Dez Dias que Abalaram o Mundo (Cia Ensaio Aberto), Conselho de Classe e outros. No cinema estreou o longa metragem Airão – Ancestrais da Amazônia, direção Sérgio Lobato, e o curta metragem Lucas, direção Emer Lanivi e Fábio Zambroni. Foi diretor e coreógrafo dos espetáculos Trânsito, Cabaré, Histórias Pretas e Kuanãpará – Terra Treme.
FICHA TÉCNICA
Autor: Ivan Jaf (baseado na Terceira Parte de Os Sertões, de Euclides da Cunha)
Direção e Idealização: Rose Abdallah
Ator: Amaury Lorenzo
Direção de Movimento: Amaury Lorenzo e Johayne Hildefonso
Iluminação: Ricardo Meteoro
Assessoria de Imprensa: Maria Fernanda Gurgel
Música Original: Alexandre Dacosta
Vídeo: Sérgio Lobato | Cambará Filmes
Fotos: Vitor Kruter
Identidade Visual: Inova Brand
Apoio Produção: Bambu Produtora
Realização: Abdallah Produções
Serviço:
A LUTA
Todas às segundas-feiras, às 20h.
Teatro Glaucio Gill, Copacabana.
60 minutos de espetáculo.
Classificação 14 anos.