CCBB apresenta o ciclo de debates internacional "A PALAVRA FORA DO LUGAR: ESCRITORES REFUGIADOS E EM RISCO", de 13 de junho a 12 de setembro no CCBB RJ, ENTRADA FRANCA. Divulgação Atiq Rahimi (afegão exilado na França), Terézia Mora (húngara radicada na Alemanha), Felix Kaputo (congolês exilado no Brasil) e os brasileiros Carola Saavedra e Julián Fuks, de origem chilena e argentina, respectivamente, discutem literatura contemporânea, em suas articulações com política, cultura e língua, no contexto deperseguições políticas, étnicas e religiosas. "Virá o dia em que as histórias da literatura latino-americana comportarão um capítulo exclusivamente dedicado à literatura do exílio". O escritor argentino Julio Cortázar, autor da frase, estava certo. Nas últimas décadas, conflitos políticos, étnicos e religiosos têm afetado populações inteiras. Artistas são levados ao degredo por risco de vida e prisão. A língua, instrumento de trabalho de escritores, é diretamente afetada pela nova condição. O ciclo "A palavra fora do lugar: escritores refugiados e em risco" - patrocinado pelo Banco do Brasil - discute temas como: efeito do bilinguismo na escrita de autores levados ao afastamento compulsório do país natal; diálogo entre tradições literárias; confronto, no processo criativo, entre territórios físicos, culturais e linguísticos; conexão com a condição humana, em sua solidão; engajamento político. "A literatura, como outros campos artísticos, se renova na linguagem, na quebra de convenções. Contextos extremos de violência física e psíquica são subvertidos quando o escritor não desiste, a ponto de aprender outra língua e se expressar nela, com força e criatividade" comenta Clarisse Fukelman, profa. Dep. de Comunicação Social da PUC-Rio e curadora do ciclo. Pela primeira vez no Brasil, um projeto reúne um leque tão representativo de escritores refugiados da Ásia, África, Europa e América Latina. Do exterior participam: Atiq Rahimi, afegão radicado na França (prêmio Goncourt de literatura e prêmio Cannes como diretor); Terézia Mora (húngara radicada na Alemanha, ganhadora do prestigiado German Book Prize); e Feliz Kaputu, congolês (RDC) que inaugurou a adesão do Brasil (e da América Latina) à ICORN (International Citizens of Refugee Network). Idealizada por Samon Rushi, a rede aloca artistas em risco em lugares seguros. O acolhimento de Kaputu foi viabilizado pela ONG CABRA (Casas Brasileiras), em associação com a UFMG. Atiq Rahimi e Terézia Mora, cuja vinda tem o apoio respectivamente do Consulado da França no Rio de Janeiro e do Instituto Goethe, lançarão livros na ocasião. Do Brasil, falam Julián Fuks e Carola Saavedra, que migram para o Brasil na infância, devido à ditadura em seus países natais; seus romances remetem à violência de governos ditatoriais. Os professores Marcos Gleizer (autor de Espinosa e a afetividade humana) e Claudio de Oliveira (do Grupo de Pesquisa Psicanálise, Discurso e Laço Social) discutem, da perspectiva da filosofia, o desemparo e a força de indivíduos diante de situações extremas. "Realizar este projeto no CCBB é trazer a tona um assunto de extrema relevância mundial, a situação dos refugiados, além de dar visibilidade para a obra e cultura de cada um desses escritores.", diz Marcelo Fernandes, Gerente Geral do CCBB. Neste sentido, complementa a professora Clarisse Fukelman, "é essencial que possamos discutir como, frente a processos migratórios forçados, a literatura oferece respostas originais que contestam a versão oficial, idílica e falsa, da globalização. E que possamos instigar instituições e pessoas em geral a se engajarem na defesa da vida, da liberdade de expressão e da proteção de artistas e pensadores para que continuem seus projetos." A produção é da Vereda Promoções Culturais, dirigida por Clarisse Fukelman, responsável por ciclos similares (com homenagens a Sartre, Hannah Arendt, Antonio Callado, João Cabral de Mello Neto, etc.). Apoios: Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, Consulado Geral da França no Rio de Janeiro e Instituto Goethe. O ciclo "A palavra fora do lugar: escritores refugiados e em risco" indaga: como o bilinguismo afeta a escrita de autores submetidos ao afastamento compulsório do país natal? Como o escritor lida com o desafio de dialogar com a tradição literária do país que o acolhe, sem perder a conexão com as matrizes de origem? Como se confrontam, no processo criativo, diferentes territórios físicos, culturais e linguísticos? Como a situação retoma, de forma mais aguda, a discussão sobre a solidão e a existência humanas? PROGRAMAÇÃO – sempre às quartas-feiras 13/06, às 19hNa dobra da língua: nostalgia, errância, guerra e liberdadeAtiq Rahimi Paciência persa, memória de infância e ruínas da terra natal encontram na França, território de exílio e acolhida, a liberdade no corpo e na língua; daí nasce uma literatura poética e vigorosa, atravessada pela violência da guerra e pelo apuro de linguagem.Moderador: Michel Gherman 04/07, às 18h30Reescrever o não escrito: memórias e ausências (Chile, Argentina e Brasil)Carola Saavedra e Julián FuksO que a literatura diaspórica conta sobre o Brasil e a América Latina? Em obras autobiográficas ou não, a escrita confronta o exílio e a violência política.Mediadora: Vera Follain de Figueiredo 15/08, às 18h30As quatro latitudes do Congo: África, Europa, Ásia e AméricasFelix KaputuSob a ótica do testemunho e do asilo político, e no circuito entre a memória do passado e a memória por construir, a escrita confronta a globalização e o multiculturalismo. Moderadora: Carolina Moulin 29/08, às 18h30 Entre o afeto e a vida nua: percursos de Baruch Spinoza e Georgi AgambenClaudio Oliveira da Silva e Marcos Gleizer Exílio e experiências radicais de afastamento, dor, perda e renovação propõem reflexão filosófica sobre desenraizamento e afeto.Mediador: Pedro Duarte de Andrade 12/09, às 19hSem chão e sem palavras: não há paisagem sem pousoTerézia MoraO desamparo humano e os impasses comunicacionais do novo milênio encontram na língua de adoção (do húngaro para o alemão) o campo para refinada reinvenção ficcional.Moderador: Marcelo Backes Participantes:Atiq Rahimi: escritor e cineasta afegão radicado na França. Prêmio Goncourt 2008. Prêmio Olhar para o futuro no Festival de Cannes. Livros: Balada do Calamo, Terra e cinzas, As mil casas do sonho e do terror, Syngué sabour: Pedra de paciência e Maldito seja Dostoiévski. Carola Saavedra: romancista e contista. Livros: Com armas sonolentas (2018), O inventário das coisas ausentes, Flores azuis (melhor romance pela APCA e finalista do prêmio Jabuti), Paisagem com dromedário (prêmio Rachel de Queiroz).Carolina Moulin (PUC-Rio): Dr.a em Relações Internacionais (McMaster University, Canadá).Coordenadora da Pós-Graduação em Relações Internacionais do IRI/PUC Rio. Editora-Chefe do periódico Contexto Internacional.Claudio Oliveira da Silva (UFF): Dr. em Filosofia. Membro do GT Filosofia e Psicanálise da ANPOF e um dos líderes do Grupo de Pesquisa "Psicanálise, Discurso e Laço Social".Felix Kaputu: escritor congolês acolhido pela UFMG (2017), via ICORN/CABRA. Dr. em Literatura Inglesa (Univ.de Lubumbashi - RDC). Especializado em estudos africanos, filosofia e religião comparada. Livros: K-triângulo da morte, Jo-Mary: escravo preto livre e outros. Julián Fuks: escritor, tradutor e crítico literário. Livros: A Resistência (Prêmio José Saramago e Jabuti), Procura do romance e Histórias de literatura e cegueira (ambos finalistas dos prêmios Portugal Telecom e Jabuti).Marcelo Backes: tradutor e escritor. Dr. em Romanística e Germanística (Univ. de Freiburg ) Livro: Mais que memória, Estilhaços e A casa cai Prêmios como tradutor: Biblioteca Nacional e Prêmio Nacional da Áustria.Marcos Gleizer (UERJ): Dr. em Filosofia (Univ. Paris 4), pós-doutorado na Univ. de Princeton (EUA). Membro do corpo editorial da Revista Analytica. Livros: Verdade e certeza em Espinosa e Espinosa e a afetividade humana.Michel Gherman (UFRJ): Dr. em História Social. Co-coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos e Árabes. Pesquisador do Núcleo de Estudos da Política (UFRRJ). Coautor de Identidades ambivalentes: desafios aos estudos judaicos no Brasil.Pedro Duarte de Almeida (PUC-Rio): Dr. em Filosofia. Foi professor visitante nas universidades Brown (EUA) e Södertörns (Suécia). Livros: Estio do tempo: Romantismo e estética moderna e A palavra modernista: vanguarda e manifesto.Terézia Mora: escritora húngara radicada na Alemanha, com a queda do muro, roteirista e tradutora. Membro da Academia das Artes de Berlim. Inúmeros prêmios, como o prestigiado Das Deutscher Buchpreis. Todo dia é seu primeiro romance traduzido no Brasil.Vera Lúcia Follain de Figueiredo (PUC-Rio): Dr.a em Letras, profa. no Dep. de Comunicação Social. Livros: Narrativas migrantes: literatura, roteiro e cinema e Da profecia ao labirinto: imagens da história na ficção latino-americana contemporânea. Curadoria:Clarisse Fukelman (PUC-Rio/ Veredas): Dr.a em Literatura Brasileira. Profa. no Dep. de Comunicação Social. Membro fundador da Assell-Rio e idealizadora da pós-graduação Leitura: teoria e prática (PUC-Rio). Curadora de exposições e seminários. Livros (org.): Eu assino embaixo: biografia, memória e cultura; Poesia em pauta. Lançamentos de livros (Livraria da Travessa, às 17h):13/06. Balada do Cálamo, de Atiq Rahimi. Trad. de Leila de Aguiar Costa. Editora Estação Liberdade.12/09. Todo dia, de Terézia Mora. Trad. Aldo Medeiros. Editora Nau. Serviço:ABERTURA: dia 13 de junho"A PALAVRA FORA DO LUGAR: ESCRITORES REFUGIADOS E EM RISCO"LOCAL: Centro Cultural Banco do Brasil – auditório 4º andarENDEREÇO: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, RJ - Tel.: (21) 3808-2020DIAS E HORÁRIOS: 13/06, às 19h; 4/07, às 18h30; 15/08, às 18h30; 29/08, às 18h30; 12/09, às 19h, sempre às quartas-feirasDURAÇÃO APROXIMADA: 90 minutosCAPACIDADE: 63 pessoas (podendo estender para mais 100 via telão)ENTRADA FRANCA: distribuição de senhas uma hora antes de cada debate Ei, que tal ter uma conta global 100% digital e sem taxa de abertura? Conheça a Nomad! 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